quinta-feira, 25 de agosto de 2011

nº 126 - Filme MELANCOLIA

Charlotte Rampling, John Hurt
MELANCOLIA
< Melancholia >
Dinamarca, Suécia, França, 2011
Direção: Lars Von Trier
Kirsten Dunst: Melhor atriz em Cannes
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Dando uma de cientista amador e amalucado, - não esqueçam dessa premisssa, por favor! - diria que MELANCHOLIA já é um velho conhecido nosso nesse imenso Cosmos, desde o Big Bang e pelo que seja possível prescrutar, de novo aconteceu no tempo dos gigantes Dinos.

Quem sabe com aquele “corpo celeste MELANCHOLIA” não acabamos migrando para essas paragens chamadas de Planeta Terra. Reles micro organismos, nos levantamos c/ um osso em riste e tomamos posse desse espaço. Nessa condição “melancólica” nos alternamos entre o deslumbre e a ameaça das vindas e idas de nossos momentos diários. Assim como o efeito bumerangue do Corpo MELANCHOLIA no filme.

E aí aparecem os vários personagens nossos, alguns tão bem delineados pelo diretor.
Destacando dois, porque os demais, por serem os protagonistas, estão bem em evidência no filme e sabiamente comentados pela Eleonora no seu blog.

Que são: O pai (John Hurt) que sabia destacar a beleza das pessoas (na figura da filha), tinha o humor necessário à Vida (as surrupiadas das colheres), sabia se cercar de situações agradáveis (simbolizado nas suas “Margaridas”(!), e sabendo se furtar c/ discrição, elegância e sabedoria de situações problemáticas (deixando o bilhete de despedida pra filha).
Ele, por isso tudo, uma companhia desejada.

A mãe, (Charlotte Rampling), descrente, fria, mal humorada, ranzinza,
capitalizando um sentimento monocórdio da Vida.
Ela, por isso tudo, uma companhia rejeitada.

Personagens que podemos optar como parceiros de nosso caminhar.
Como cantava Gonzaguinha: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.”

O filme Melancolia como criação, produção e edição tem muitíssimas nuances, já observadas tão sutilmente pela Psicanalista Eleonora Rosset e comentadas pelos seus leitores em seu blog (veja abaixo o acesso a ele), que podem ser descobertas e ampliadas revendo o filme. Exemplos:

A sensibilidade da música de Wagner;
o silêncio inquietante e rumoroso de Melancholia,
tanto o externo quanto o interno.

Os simbolismos: um deles, em particular, o universo de Justine, encerrada na imensa propriedade não conseguindo ultrapassar os limites da ponte na direção do povoado.

É interessante observar as "presenças-ausentes" de alguns personagens coadjuvantes, como o garçom que é provocado pelo pai no banquete, o motorista na manobra da limosine.

Esta máquina também deve ter um simbolismo com sua inadequação àquela estrada estreita e por isso mesmo hostil.

Os visuais: Além da beleza das imagens anunciadas em sloan motion,
dois deles especialíssimos entre tantos. UM, é o corpo Vivo mas estático de Justine deslizando pelo rio, deixando fluir a emanação da fonte da Vida em direção ao inevitável e ao amplo “oceano”


e, OUTRO ela “vestida” como “nas origens do paraíso”, como que revisitando sob a luz do(s) planeta(s), quem sabe, suas velhas melancolias.

Não lembro onde, li de um autor, que se não fosse de séculos passados, até teria entitulado seu texto como os best sellers nos dias de hoje: 
“três coisas que vc deveria fazer antes de morrer" (colisão):
“Um banho de sol, um banho de mar e um banho de lua,
antes do advento das folhas melancólicas de figueira."
 
E por aí seguem os simbolismos desse filme obrigatório de ser visto, inesgotáveis a serem desvendados ou deslindados, como: o poder das mãos (os raios nas mãos de Justine); a cabana (unindo o elemento externo natural, madeira, e o interno, a imaginação)
Assim como a riqueza dos personagens mais próximos de Justine, o garoto, o marido e seu cunhado. Sem acrescentar mais nada ao que já foi “dito” sobre Justine e sua irmã. Uma riqueza de significados que vale a pena serem lidos no blog da “Psicanalista (que) vai ao Cinema”.


Embora "dura", fico c/ a frase da mãe de Justine ao brindar os noivos:
“só tenho algo a dizer:
aproveitem enquanto durar.”
 
Porque os impactos continuarão em escala individual no dia a dia de nossa existência, até a escala final, com a visita de nossa Morte que nos ajudará a transpor “a ponte” dessa Vida. Para os que ficarem, restarão os "zilhões" de anos até as próximas colisões e, quem sabe, evoluções; existindo, que sejam melhores!
ad eternum! 
Como seria ótimo e esperançoso se pudéssemos afirmar:
“QUEM NÃO VIVER,...VERÁ!!”
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Recomendo o acesso e a leitura do comentário da  Eleonora Rosset em seu blog UMA PSICANALISTA VAI AO CINEMA. É possível imaginar o trabalho que lhe deu fazer sua brilhante síntese de um filme tão denso e imenso como o universo que habitamos, que nos acolhe e também nos ameaça. Assim como o trabalho que teve na seleção de palavras e imagens, poucas, mas que exprimissem muito. Ela conseguiu, como sempre, e nos conduz nessa “caverna mágica” do cinema, neste caso, do Lars Von Trier.
Vai lá que é fácil e enriquecedor!


Na seqüência
pequeno álbum do filme,
sendo a 1ª foto, do diretor.
A sombra que o acompanha fica
por conta da que ele deixou nas
suas declarações em Cannes e que
já foram comentadas, explicadas
e principalmente repudiadas.




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