sexta/ 23 de novembro - 2012
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----- Original Message -----
From: Ana
González
To: sicservideias
Sent: Tuesday, November 20, 2012
Subject: INTOCÁVEIS, O FILME
Newsletter Novembro 2012
Ana
González www.agonzalez.com.br
intocáveis, o
filME
O título parece não
ter ligação com o filme. Ou tem?
Lanço hipóteses para tentar entendê-lo em relação á história desenvolvida. A despeito da estranheza desse título, o filme vale a ida ao cinema. Valerá também o prêmio da academia em 2013?
Lanço hipóteses para tentar entendê-lo em relação á história desenvolvida. A despeito da estranheza desse título, o filme vale a ida ao cinema. Valerá também o prêmio da academia em 2013?

são
intocáveis:
por que MOTIVO?
por que MOTIVO?
Os
intocáveis é o nome de um filme de
gangster com direção de Brian De Palma, de 1987, que encantou plateias. Mas, o
que nos interessa é o filme francês (Intouchables), candidato pela França ao
prêmio Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013.
Seus diretores Olivier Nakache e Eric
Toledano de maneira crítica e leve ao mesmo tempo, nos
apresentam uma dupla improvável: Phillipe um bilionário tetraplégico precisando
de cuidados especiais e Driss seu enfermeiro. Além disso, o filme passa por
temas atuais como a imigração, adolescência e drogas.
Philippe (François
Cluzet) é rico, gosta de literatura, de arte (“único traço de
nossa passagem pela vida”) e de música clássica. Driss (Omar
Sy), sem experiência no ofício, apresentando ainda antecedentes
criminais, gosta de música para dançar, fum a maconha e traz da periferia uma
história de dificuldades. Apesar de diferentes, desenvolvem uma relação afetiva
e de cumplicidade. A forma como esse vínculo se desenrola é o aspecto que nos
interessa.
Já no primeiro
encontro, Driss se torna interessante aos olhos de Philippe, pela ruptura que
ele representa no monótono desfile dos outros candidatos ao cargo. Ele não faz
nada do que seria esperado, surpreendendo com gírias e falas inadequadas que
dizem a verdade: ele deseja somente o documento assinado para garantir o salário
desemprego. Mas, esse discurso surpreende o tetraplégico que indica que ele
volte no dia seguinte para pegar o papel desejado. Isso garante que Driss entre
– como um desafio - no período de teste para o cargo.
Philippe vai
juntando argumentos para justificar seu interesse por Driss: ele é saudável,
forte. Além disso, ele é curioso e inteligente. E mais que tudo, não tem
compaixão. “Ele não tem dó de mim” diz Philippe, que quer mesmo é sentir-se
vivo.
Ambos se parecem
mais do que prometem as aparências. Ambos gostam de velocidade e de aventuras;
têm senso de humor. Além disso, ambos são intragáveis, difíceis de relacionamento e Driss não parece se
importar com sua família. Não parece valorizar princípios e critérios de
convivência. Por sua vez, os enfermeiros de Philippe são trocados a cada duas
semanas. E ele tem uma dificuldade emocional enorme. Foge do contato real com a
mulher com quem troca cartas. Na primeira oportunidade de encontro não suporta o
contato.
Essas dificuldades
são denominador comum entre eles. Mas, Driss passa a representar para Philippe,
o que ele não pode mais fazer na vida. Os dois se comunicam e o afeto se
desenvolve, enquanto a confiança se constrói seja na dor, seja na alegria.
Driss, pelas bordas, vai adentrando em sua vida. Chega à relação com sua filha e
com seus funcionários, à vida sexual e afetiva. Dá-lhe permissão para o fumo e o
relaxamento fora do plano mental; empresta-lhe o corpo físico e a liberdade.
Se Philippe aprende
a viver de novo com Driss, este também aprende muito com o tetraplégico: arte e
conforto, princípios e confiança em si
mesmo.
Com Philippe, ele aprende critérios para a convivência no mundo.

São ambos
intocáveis, no início. Apresentam um temperamento ríspido e por isso separados
das outras pessoas e dos comportamentos caracterizados como de senso comum.
Cheguei a ir um tanto longe: pensei nos impuros e párias da sociedade indiana.
Um vem da periferia, de uma marginalidade real. O outro vive sua segregação pelo
temperamento e pelo drama de sua vida.
Então, as
semelhanças lhes oferecem elementos para a relação, para a formação do vínculo
que dilui o que os separa. O contato os humaniza. Mudam suas histórias: Driss se
aproxima de sua família, a gentileza passa a fazer parte de seu mundo. Philippe
se reconcilia com seu corpo e sua vida afetiva. A harmonização e o diálogo
favorecem contatos e afeto. Essa religação de ambos os cura da segregação.
Assim ampliam seus
mundos. Abrem possibilidades novas. Partilham junto, compartilham. A cena da
comemoração de aniversário de Philippe é emblemática de um cenário cheio de
outros intocáveis. Pessoas ocupando o mesmo espaço fisicamente e sem contato.
Todos intocáveis. Uma festa de mentirinha que é cheia de indignação silenciosa,
de amargor controlado para Philippe.
Mas, tais
sentimentos somem quando se instala a música e a dança de Driss. O som e o
sorriso contagiam os corpos e eles são afetados e tocados. A verdadeira alegria
só pode acontecer quando somos tocados por dentro. Aí então todos fazem a
verdadeira celebração.
Talvez não seja tão
difícil deixar de ser intocável. É simples, ou melhor, o remédio é fácil. O
filme é lindo e a reflexão vale para a convivência na sociedade
contemporânea.
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PS 1: Os
amigos detém a nossa história. Essa frase tem me acompanhado pela vida. Aí vai o
link para a crônica que homenageia uma amizade.

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