sexta-feira, 23 de novembro de 2012

430 - DICAS, IDEIAS & SERVIÇOS {DIS} - Lazer e Cultura - são paulo

sexta/ 23 de novembro - 2012



10 direitos que muitos consumidores não conhecem
(não conseguindo acessar o link,  copie e aplique)
http://economia.uol.com.br/album/2012/11/12/10-direitos-que-nem-todos-os-consumidores-conhecem.jhtm?abrefoto=1#fotoNav=8
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----- Original Message -----
Sent: Tuesday, November 20, 2012 
Subject: INTOCÁVEIS, O FILME
Newsletter Novembro 2012   
 Ana González      www.agonzalez.com.br  
                                   
                            intocáveis, o filME
O título parece não ter ligação com o filme. Ou tem?  
Lanço hipóteses para tentar entendê-lo em relação á história desenvolvida. A despeito da estranheza desse título, o filme vale a ida ao cinema. Valerá também o prêmio da academia em 2013?
 são intocáveis: 
por que MOTIVO?
Os intocáveis é o nome de um filme de gangster com direção de Brian De Palma, de 1987, que encantou plateias. Mas, o que nos interessa é o filme francês (Intouchables), candidato pela França ao prêmio Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013.
Seus diretores Olivier Nakache Eric Toledano de maneira crítica e leve ao mesmo tempo, nos apresentam uma dupla improvável: Phillipe um bilionário tetraplégico precisando de cuidados especiais e Driss seu enfermeiro. Além disso, o filme passa por temas atuais como a imigração, adolescência e drogas.
Philippe (François Cluzet) é rico, gosta de literatura, de arte (“único traço de nossa passagem pela vida”) e de música clássica. Driss (Omar Sy), sem experiência no ofício, apresentando ainda antecedentes criminais, gosta de música para dançar, fum a maconha e traz da periferia uma história de dificuldades. Apesar de diferentes, desenvolvem uma relação afetiva e de cumplicidade. A forma como esse vínculo se desenrola é o aspecto que nos interessa.
Já no primeiro encontro, Driss se torna interessante aos olhos de Philippe, pela ruptura que ele representa no monótono desfile dos outros candidatos ao cargo. Ele não faz nada do que seria esperado, surpreendendo com gírias e falas inadequadas que dizem a verdade: ele deseja somente o documento assinado para garantir o salário desemprego. Mas, esse discurso surpreende o tetraplégico que indica que ele volte no dia seguinte para pegar o papel desejado. Isso garante que Driss entre – como um desafio - no período de teste para o cargo.
Philippe vai juntando argumentos para justificar seu interesse por Driss: ele é saudável, forte. Além disso, ele é curioso e inteligente. E mais que tudo, não tem compaixão.  “Ele não tem dó de mim” diz Philippe, que quer mesmo é sentir-se vivo.
Ambos se parecem mais do que prometem as aparências. Ambos gostam de velocidade e de aventuras; têm senso de humor. Além  disso, ambos são intragáveis, difíceis de relacionamento e Driss não parece se importar com sua família. Não parece valorizar princípios e critérios de convivência. Por sua vez, os enfermeiros de Philippe são trocados a cada duas semanas. E ele tem uma dificuldade emocional enorme. Foge do contato real com a mulher com quem troca cartas. Na primeira oportunidade de encontro não suporta o contato.
Essas dificuldades são denominador comum entre eles. Mas, Driss passa a representar para Philippe, o que ele não pode mais fazer na vida. Os dois se comunicam e o afeto se desenvolve, enquanto a confiança se constrói seja na dor, seja na alegria. Driss, pelas bordas, vai adentrando em sua vida. Chega à relação com sua filha e com seus funcionários, à vida sexual e afetiva. Dá-lhe permissão para o fumo e o relaxamento fora do plano mental; empresta-lhe o corpo físico e a liberdade.
Se Philippe aprende a viver de novo com Driss, este também aprende muito com o tetraplégico: arte e conforto, princípios e confiança em si mesmo. Com Philippe, ele aprende critérios para a convivência no mundo.
São ambos intocáveis, no início. Apresentam um temperamento ríspido e por isso separados das outras pessoas e dos comportamentos caracterizados como de senso comum. Cheguei a ir um tanto longe: pensei nos impuros e párias da sociedade indiana. Um vem da periferia, de uma marginalidade real. O outro vive sua segregação pelo temperamento e pelo drama de sua vida.  
Então, as semelhanças lhes oferecem elementos para a relação, para a formação do vínculo que dilui o que os separa. O contato os humaniza. Mudam suas histórias: Driss se aproxima de sua família, a gentileza passa a fazer parte de seu mundo.  Philippe se reconcilia com seu corpo e sua vida afetiva. A harmonização e o diálogo favorecem contatos e afeto. Essa religação de ambos os cura da segregação.
Assim ampliam seus mundos. Abrem possibilidades novas. Partilham junto, compartilham. A cena da comemoração de aniversário de Philippe é emblemática de um cenário cheio de outros intocáveis. Pessoas ocupando o mesmo espaço fisicamente e sem contato. Todos intocáveis. Uma festa de mentirinha que é cheia de indignação silenciosa, de  amargor controlado para Philippe.
Mas, tais sentimentos somem quando se instala a música e a dança de Driss. O som e o sorriso contagiam os corpos e eles são afetados e tocados. A verdadeira alegria só pode acontecer quando somos tocados por dentro. Aí então todos fazem a verdadeira celebração.
Talvez não seja tão difícil deixar de ser intocável. É simples, ou melhor, o remédio é fácil. O filme é lindo e a reflexão vale para a convivência na sociedade contemporânea.
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PS 1Os amigos detém a nossa história. Essa frase tem me acompanhado pela vida. Aí vai o link para a crônica que homenageia uma amizade. 

        PS 2: Não perca a Bienal de Artes, se puder e estiver em São Paulo, capital. No Parque do Ibirapuera, até 9 de dezembro. 

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