segunda-feira, 25 de junho de 2012

303(2) - DICAS, IDEIAS & SERVIÇOS {DIS} - Lazer e Cultura - são paulo

(2) segunda/ 25 de junho - 2012
----- Original Message -----
From: ANA GONZÁLEZ
To: seramigo@servideias.com.br
Sent: Saturday, June 23, 2012 8:17 PM
Subject: CRUZANDO O MISSISSIPI, REALIDADE E IMAGINAÇÃO

Cruzando o Mississipi, 
realidade e imaginação
Não é novidade que pessoas passam por experiências semelhantes de maneira diferentes. Só não paramos para pensar que aspectos estão escondidos nessa constatação. O que isso significa e como acontece?  Acompanhem a seguir duas experiências de como cruzar o Mississipi.
o rio, entre a imaginação e a realidade
Quantas vezes não ouvimos histórias diferentes sobre uma mesma situação, por exemplo, sobre uma festa? Uma pessoa adorou, outra detestou. Ficam claras as divergências entre as experiências. Recentemente vivi uma situação dessas, que acabou com uma sensação de comédia.
Eu estava em um congresso de astrologia em New Orleans e com um amigo aproveitava o tempo livre para um passeio pela cidade numa tarde ensolarada e quente. Fomos ao cais em que se encontrava um grande barco para o passeio pelo Mississipi. Um longo rio, importante desde o século XVI, de franceses, espanhóis, ingleses, índios e africanos, em cenários de guerras e trocas de governo, lutas e tudo o que faz uma região interessante a nossos olhos na distância. Mas, em minha imaginação, sempre se fizeram presentes os navios e os barcos a vapor andando por um rio, que guardava histórias cheias de mistérios e personagens especiais. 

Estávamos no cais vendo os passeios disponíveis. Eu não tinha tempo para o cruzeiro desejado que o amigo iria fazer no dia seguinte. Então, ele sugeriu que entrássemos em outro barco que estava saindo naquele exato momento. Que tal o ferryboat, perguntou? Não deu para responder. Ele saiu correndo e me puxou. Fui.  Logo pude sentir o barco se soltando e indo pelas águas. Sensação de navegar.
Á medida que íamos saindo do cais, fui olhando a margem que ficava para trás. E a cidade foi se desenhando no horizonte, cada vez mais bonita com o perfil dos prédios misturados a sombras. Agora, o nosso destino era o outro lado, outra cidade, outro bairro. Algo a descobrir.
Mas, em certo instante, talvez no meio da travessia, enquanto ambas as margens me pareceram igualmente distantes, entrei em uma emoção estranha. Era algo relacionado com aquele desejo de estar no barco pelo Mississipi, naquela viagem que eu não poderia fazer. Apareceram, então, imagens,  talvez frutos de minha imaginação, talvez informações antigas que surgiam e conversavam entre si de forma instintiva. Desde que acordadas, se instalavam com familiaridade: as histórias que eu ouvira, os filmes a que eu assistira. Tudo estava lá naquele instante em que eu me debruçava no parapeito do barco, para olhar o horizonte, a cidade se afastando. O sol era forte. Muita luz ainda nos esperava naquele dia comprido de verão.  Muito calor.
E eu entrava em um mundo só meu carregado de memórias e sensações. Tentei falar a meu amigo sobre isso, mas acho que ele não entendeu em que parte do meu trajeto eu estava. Ele continuava no ferryboat a caminho da outra margem do rio enquanto eu viajava num mundo de histórias e fantasias construídas pelos desejos de um rio só meu, com seu passado, seus fantasmas e toda a história da Louisiana.  Uma aventura pelo Mississipi.  
Assim, criamos realidades com nossa imaginação. A representação da realidade depende de nosso repertório, e daí, percebemos que ela nem sempre é o que parece ser, podendo escapar pela imaginação.  Podemos contar com explicações psicológicas. Podemos também dispor dos símbolos astrológicos para nos dizer sobre nossas preferências venusianas ou nossas ligações atávicas e lunares. Há também aspectos de uma visão de mundo, fruto das escolhas de nosso mercúrio. Claro, que há mais, muito mais do que cabe neste relato tão pessoal.
Ao fim de tudo, trata-se da maneira como cada um de nós vive a realidade externa e a interna, como nos expressamos com tudo o que temos da complexa natureza humana. Às vezes, um caminho de alguns perigos, como nesses casos em que escapamos da realidade para um mundo particular. Mas, não podemos fugir dessa possibilidade, que é na verdade tão comum e que pode ser a chave para explicar muitos mal-entendidos.
Nesse dia, no ferryboat, a experiência foi inocente. Poderia dizer graciosa, pela parceria do amigo e pela paisagem brilhante. Mas foi mais que isso. Naquela mesma noite, ainda me vesti dos personagens que me acompanharam á tarde e refiz o caminho da experiência. Com encenação quase cômica,  revivi o mundo de minhas fantasias para o amigo, como um gesto de gratidão por seu companheirismo e entusiasmo que provocaram o passeio, me presenteando com a oportunidade.
Não tenho certeza de que ele tenha entendido o relato da experiência, mas, com certeza, ele adivinhara  meu desejo inicial me levando a cruzar o rio. Foi muita delicadeza, dentro de um comportamento intencional em que pude notar a sua correta e contínua discrição. Toda sua. Foi singelo, foi humano demais.
Acredito que a isso se pode chamar amor.
PS: A parte que eu visitei de New Orleans e que ficou sob as águas, não traz vestígios do desastre Katrina.  Visite o site que mostra o outro lado do rio, Algiers Point, onde Louis Armstrong nasceu.   http://www.algierspoint.org    
  Newsletter Junho 2012 Ana González 
www.agonzalez.com.br
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volto logo mais com +dicas; 
espero você!
comentários: (1)aqui, no (2)face  ou(3)e-mail: seramigo@servideias.com.br 

Um comentário:

  1. rsrsrs... falando ainda de amor e de presença querida na vida, devo citar vc, né mesmo? Obrigada pela publicação. Grande abraço e bjss. Ana González

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