sexta-feira, 27 de julho de 2012

334(1) - DICAS, IDEIAS & SERVIÇOS {DIS} - Lazer e Cultura - são paulo


(1) sexta/27 de julho - 2012
----- Original Message -----
From: ANA GONZÁLEZ
To: SIC SERVIDEIAS
Sent: Monday, July 23, 2012 
Subject: O MUNDO DE FELLINI

O mundo de Fellini
NEWSLETTER JULHO 2012 - www.agonzalez.com.br

Você conhece o mundo de Fellini? Visitei uma exposição e pude perceber melhor esse mundo de cenas marcantes, que ilustram histórias de personagens inesquecíveis, com truques de luz e de imagens escolhidas com cuidado por um mestre.
Tomemos da figura de Fellini os gestos largos, o sorriso e os olhos grande  s, a imaginação fértil e o amor pela arte do cinema. Um pouco dessa pessoa e de seu mundo mágico iluminará por muito tempo, com certeza, o meu e o seu, os nossos mundos.
A realidade e a imaginação
Segundo muitos estudiosos, a obra de Federico Fellini (1920 – 1993) se enquadra no cinema de autor, desenvolvido ao longo do século XX. Esse tipo de cinema por sua independência a modelos e padrões, cria um contexto muito particular de reflexão sobre a realidade com resultados surpreendentes como no caso de Fellini. Suas personagens, metáforas e consciência crítica constroem uma visão de mundo singular e inspiradora de reflexões e de beleza.
Saiu de sua cidade para ser caricaturista aos 19 anos e logo depois já fazia roteiros. Em 1954 ganhou um Oscar de melhor filme estrangeiro com A estrada da vida e em 1960 escandalizou a Igreja com A doce vida (1960). Continuou sua carreira sempre longe de escolas e de modelos estéticos. Em Oito e meio (1963), promoveu uma ruptura na forma de fazer cinema com mudanças nas regras da narrativa.
Entre suas personagens, sempre foi muito forte a presença da mulher, sejam as de família, sejam as prostitutas, segundo ele, “o contraponto essencial à mãe italiana”. Palhaços e artistas circenses, personagens estranhas muitas vezes. Pelas bordas, ele vai colhendo de uma realidade que só ele vê, mas que retrata suas preocupações com o contexto que presencia, em que estão sinais dos dilemas da Itália de pós-guerra, dos ruídos da imprensa, da televisão e da publicidade. E, claro, sua infância, seus sonhos sempre presentes, nos oferecendo uma obra rica em alegorias, o que poderá nos lembrar sua fase inicial de caricaturista.
Buscando uma explicação para a imaginação fértil e o caráter pouco convencional de sua obra, fui á astrologia. Descobri no mapa de Fellini um aspecto da época atual responsável pelas grandes mudanças que vive  mos, como a Primavera Árabe, por exemplo.  Para o leitor leigo, digo que é um encontro de gigantes: o Plutão (deus dos infernos) e Urano (ou Ouranos, o deus dos céus). Um encontro nada amigável no contexto atual visto que suas forças são confrontadas.   
Tal encontro em um mapa individual também promove mudanças e no caso do nosso cineasta confirma o que observamos na tela do cinema: uma obra autoral com um olhar que subverte a representação da realidade, escolhendo dela aspectos estranhos, grotescos ás vezes, outras vezes poéticos, mas sempre crítico. Tudo isso, Fellini experimentou sem se importar com os efeitos de suas opções, sem fazer concessões para as opiniões de sua época. Assim, rompendo com o que havia,  ele inovou, pois as mudanças só ocorrem quando se abrem brechas nas formas de agir estabelecidas.  Aí estão os deuses emprestando sua força simbólica à compreensão da ação humana.
 Mas, também, encontrei sinais da capacidade capricorniana de um trabalho criativo. Junte-se a isso uma pitada de beleza e outra de idealismo sagitariano. E também sua larga imaginação e sensibilidade á serviço de anseios coletivos. Aí estão características das cenas cheias de encantamento e das outras de crítica à realidade. Uma chuva de plumas ou um mar de mentirinha feito verdadeiro, que nos leva longe? Qual é a sua cena preferida, aquela que permanece na memória?
Esse é o recorte bastante parcial que eu faço da obra desse mestre do cinema, difícil de ser catalogado nas obras sobre a sétima arte, de que ele dizia: “O cinema é feito de imagens. A imagem se ajusta por meio da luz e é essa luz que cria a imagem. Nesse sentido, creio que o cinema tem de fato uma relação estreita com a pintura, e portanto, com a luz.” Como podemos observar, ele tinha a luz e as imagens como recursos para realizar o que se vê pela imaginação “com controle de tudo exatamente como faz um pintor com seu pincel sobre a tela.”
Talvez assim ele tenha composto cada uma de suas obras: como uma pintura, cuidando de detalhes e identificando uma nova realidade. Na última cena de As Noites de Cabíria , a personagem feminina depois de uma dolorosa experiência tem o choro misturado a risos e a alegria e, esquecida de sua vida pessoal,  acompanha um grupo de jovens e uma música. De repente, distraída, eu me vi indo junto dela, com um aperto no peito e um meio sorriso nos lábios, bem dentro da beleza e do espírito felliniano.
 PS: Não perca: Tutto Fellini, curadoria de Sam Stourdzé, do Musée de l'Elysée de Lausanne, na Suíça. A exposição traz fotografias, desenhos feitos pelo próprio diretor, revistas de época, cartazes, entrevistas, trechos de filmes e outros documentos. SESC Pinheiros/SP – até 16/09, terça a sexta das 10h30 ás 21h30 e domingos e feriados das 10h30 às 18h30. Entrada franca.
Para mais informações, visite o site do jornal e o blog abaixo indicados: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,lancamento-de-catalogo-abre-mostra-tutto-fellini-em-sp,896255,0.htm

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