(1) sexta/27 de julho - 2012
----- Original Message -----
From: ANA GONZÁLEZ
To: SIC SERVIDEIAS
Sent: Monday, July 23, 2012
Subject: O MUNDO DE FELLINI
Você conhece o mundo de Fellini? Visitei uma exposição e
pude perceber melhor esse mundo de cenas marcantes, que ilustram histórias de
personagens inesquecíveis, com truques de luz e de imagens escolhidas com
cuidado por um mestre.
Tomemos da figura de Fellini os gestos largos, o sorriso
e os olhos grande
s, a imaginação fértil e o amor pela arte do cinema. Um pouco
dessa pessoa e de seu mundo mágico iluminará por muito tempo, com certeza, o meu
e o seu, os nossos mundos.
A
realidade e a imaginação
Segundo muitos estudiosos, a obra de Federico Fellini
(1920 – 1993) se enquadra no cinema de autor, desenvolvido ao longo do
século XX. Esse tipo de cinema por sua independência a modelos e padrões, cria
um contexto muito particular de reflexão sobre a realidade com resultados
surpreendentes como no caso de Fellini. Suas personagens, metáforas e
consciência crítica constroem uma visão de mundo singular e inspiradora de
reflexões e de beleza.
Saiu de sua cidade para ser
caricaturista aos 19 anos e logo depois já fazia roteiros. Em 1954 ganhou um
Oscar de melhor filme estrangeiro com A estrada da vida e em 1960
escandalizou a Igreja com A doce vida (1960). Continuou sua carreira
sempre longe de escolas e de modelos estéticos. Em Oito e meio (1963),
promoveu uma ruptura na forma de fazer cinema com mudanças nas regras
da narrativa.
Entre suas personagens, sempre foi
muito forte a presença da mulher, sejam as de família, sejam as prostitutas,
segundo ele, “o contraponto essencial à mãe italiana”. Palhaços e artistas
circenses, personagens estranhas muitas vezes. Pelas bordas, ele vai colhendo de
uma realidade que só ele vê, mas que retrata suas preocupações com o contexto
que presencia, em que estão sinais dos dilemas da Itália de pós-guerra, dos
ruídos da imprensa, da televisão e da publicidade. E, claro, sua infância, seus
sonhos sempre presentes, nos oferecendo uma obra rica em alegorias, o que poderá
nos lembrar sua fase inicial de caricaturista.

Tal encontro em um mapa individual
também promove mudanças e no caso do nosso cineasta confirma o que observamos na
tela do cinema: uma obra autoral com um olhar que subverte a representação da
realidade, escolhendo dela aspectos estranhos, grotescos ás vezes, outras vezes
poéticos, mas sempre crítico. Tudo isso, Fellini experimentou sem se importar
com os efeitos de suas opções, sem fazer concessões para as opiniões de sua
época. Assim, rompendo com o que havia, ele inovou, pois as mudanças só ocorrem
quando se abrem brechas nas formas de agir estabelecidas. Aí estão os deuses
emprestando sua força simbólica à compreensão da ação humana.
Mas, também, encontrei sinais da
capacidade capricorniana de um trabalho criativo. Junte-se a isso uma pitada de
beleza e outra de idealismo sagitariano. E também sua larga imaginação e
sensibilidade á serviço de anseios coletivos. Aí estão características das cenas
cheias de encantamento e das outras de crítica à realidade. Uma chuva de plumas
ou um mar de mentirinha feito verdadeiro, que nos leva longe? Qual é a sua cena
preferida, aquela que permanece na memória?
Esse é o recorte bastante parcial que
eu faço da obra desse mestre do cinema, difícil de ser catalogado nas obras
sobre a sétima arte, de que ele dizia: “O cinema é feito de imagens. A imagem se
ajusta por meio da luz e é essa luz que cria a imagem. Nesse sentido, creio que
o cinema tem de fato uma relação estreita com a pintura, e portanto, com a luz.”
Como podemos observar, ele tinha a luz e as imagens como recursos para realizar
o que se vê pela imaginação “com controle de tudo exatamente como faz um pintor
com seu pincel sobre a tela.”
Talvez assim ele tenha composto cada
uma de suas obras: como uma pintura, cuidando de detalhes e identificando uma
nova realidade. Na última cena de As Noites de Cabíria , a personagem
feminina depois de uma dolorosa experiência tem o choro misturado a risos e a
alegria e, esquecida de sua vida pessoal, acompanha um grupo de jovens e uma
música. De repente, distraída, eu me vi indo junto dela, com um aperto no peito
e um meio sorriso nos lábios, bem dentro da beleza e do espírito
felliniano.

Para mais informações,
visite o site do jornal e o blog abaixo indicados: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,lancamento-de-catalogo-abre-mostra-tutto-fellini-em-sp,896255,0.htm
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