quarta-feira, 23 de maio de 2012

271(2) - DICAS, IDEIAS & SERVIÇOS {DIS} - Lazer e Cultura - são paulo

(2)  QUARTA/ 23 de maio 2012
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----- Original Message -----
From: ANA GONZÁLEZ 
Sent: Friday, May 18, 2012 
Subject: A BELEZA DA SUÍTE VOLLARD DE PICASSO
                  Newsletter Maio 2012     
Ana González - www.agonzalez.com.br

a beleza da Suíte 
Vollard de Picasso 


Picasso é citado principalmente por seu papel no movimento cubista, responsável pela ruptura do academicismo e dos   padrões de representatividade estabelecidos há muitos séculos. A aquisição de um conjunto de gravuras, a Suíte Vollard, pelo British Museum de Londres nos traz a oportunidade de conhecer melhor outro aspecto da obra de Picasso (1881-1973) de uma beleza ímpar. Veja se você concorda comigo.



uma Questão de interpretação
A Suíte Vollard é uma série de gravuras feitas por Picasso por encomenda de Ambroise Vollard (1866-1939), um marchand de bom gosto e intuição para descobrir talentos (Cézanne e Picasso entre outros). De 1932 a 1937, Picasso cumpriu o acordo feito com o marchand francês, completando a série de cem gravuras prometidas. Nessa época, Picasso estava com cerca de cinqüenta anos e já tinha uma obra realizada em várias fases: a azul, a rosa, a cubista. 


O crítico de arte  Jonathan Jones do jornal londrino The Guardian faz da obra uma   análise interessante. Entre outras coisas ele diz que esse conjunto de gravuras seria sua obra-prima e não o painel Guernica (1937), que traria em seu projeto elementos já presentes nas gravuras da Suíte Vollard. Tal presença indicaria que elas seriam uma base fundadora do grande painel.
Aprecio interpretações ousadas como essa por trazerem novas perspectivas sobre as obras de que já ouvimos falar muito. Porém, para descrever a Suíte Vollard ele se utiliza de termos que me desconcertaram, pela imagem que elas constroem da série. O crítico de arte inglês a descreve utilizando entre outras, as expressões que seguem: fantasmagóricas gravuras de sexo e violência, mergulho nos mais escuros meandros do psiquismo, estilo grotesco, caos cubista de carne e morte, imagens de crueldade e êxtase.  Ao ler tais características descritivas, por que fiquei descontente?   


Conheci a Suíte Vollard em uma exposição do MASP em 1986. Naquela época fiquei impressionada com a beleza e força das imagens e pela novidade dessa série em relação ao que eu conhecia da fase cubista do pintor.  Na verdade, trata-se de uma série sem unidade, formada por cinco temas, entre os quais  “A batalha do amor” e “O estúdio do escultor”.  
A interpretação de Jonathan Jones tem o selo de um profissional, mas toda a observação de obra de arte traz a questão da subjetividade. Especialmente para nós leigos. As imagens estéticas que estavam dentro de mim, me contavam histórias de minotauros, mulheres, homens, louros nas cabeças e copos vinho na mão. Um momento de arte se realizando, de alguma obscuridade e de celebração.
Que imagens eram aquelas de minha memória tão diferentes das do crítico inglês? Não tinha encontrado a violência, o grotesco ou as fantasmagorias. Teria eu sido vítima de subjetividade?  Visitei, então, a biblioteca do MASP onde pesquisei o material da exposição citada. Pude constatar a permanência daquelas imagens a me dizer de beleza, de força e de sensualidade.
Nessa diferença de interpretação talvez entrem outras informações com que posso contar. Nesses casos, a linguagem simbólica e mitológica da astrologia pode quebrar as amarras do pensamento racional e revelar o indisfarçável.
Daí que no mapa astrológico de Picasso encontramos a presença forte do signo de Touro, trazendo aspectos de propensão ao prazer, da capacidade dos instintos de conservação, de apelo à força telúrica e material, portadora de vida. Inebriante Dionísio. Na Suite Vollard, Picasso traz muito desses aspectos  reveladores de seu intenso temperamento, essencialmente vital. Mas, o pintor ainda enfeita o cenário com louros - um chamado de Apolo-, em linhas puras e gregas,o que a crítica especializada tem denominado classicismo ou neoclassicismo.
Poderemos observar, também, o minotauro em posição de bon vivant debochado e teremos dificuldade para entender a elegante delicadeza do “Minotauro observando a mulher dormindo” ou “O repouso do escultor diante de um centauro e uma mulher”. Não posso negar que em algumas gravuras observa-se um tom mais obscuro ou algum traço do estilo peculiar de Picasso. Mas é surpreendente a gravura em que o minotauro é cego e está sendo conduzido por uma jovem. A noite cerca tudo e ficamos a imaginar que a iluminação venha da capacidade feminina de apaziguar a fera.


Artistas geniais sempre acessam o inconsciente coletivo e na mente de Picasso poderemos adivinhar  nessa presença taurina o mito da alma hispânica, expressão fidedigna de sua origem. Ou será outra a explicação? Os meandros escuros de sua mente? Certamente, há nessa série a (eterna) confissão de amor pela mulher e pelo ofício do artista (escultor) além da presença do corpo e da força do instinto, o que caracterizam as linhas mais constantes desse conjunto de gravuras tão pouco uniforme.   


Foi bom ter conhecido a apresentação de Jonathan Jones a quem devo o mote que me levou a revisitar a memória e me acordou o tema da beleza da Suíte Vollard.
 Que esta conversa sobre interpretações de obras de arte e sobre a força dionisíaca da vida, também lhe dê o impulso para ir às gravuras da Suíte Vollard.     
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PS 2: Visite a biblioteca do MASP em São Paulo para pesquisas acerca de arte em geral e das exposições temporárias já realizadas (serviço agendado).    
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Arranha-céu em formato de lua crescente, em Dubai
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